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Patrimônio da Semana: Jornal A Alvorada

Jornal serviu para denunciar casos de racismo, discussões sobre negritude e divulgações de eventos culturais afro


Pelotas é marcada pela grande presença negra em seu território, seja nas culturas, nas artes, nas religiões, na economia e na sociabilidade. Um dos feitos para o fortalecimento da luta negra na cidade é a criação do jornal A Alvorada, que nasceu em 1097, através de iniciativa de intelectuais negros que buscavam criar um meio de comunicação entre a população preta residente na região sul do estado do Rio Grande do Sul, especialmente do município de Pelotas.

Pelotas no período colonial brasileiro, manteve-se sua riqueza concentrada por meio do charque, uma carne produzida graças a mão de obra escrava. A cidade era reconhecida nacionalmente por manter os piores tratamentos aos escravizados, sendo considerada um local destinado para “castigo” para os negros que desobecedessem as ordens de seus senhores brancos. 

Em decorrência do charque e outros meios de trabalhos escravos, o número de habitantes negros no município era alto e ao longo dos anos estes dados aumentaram, fazendo com que a cidade tenha após a abolição da escravatura com a  Lei Aurea, no ano de 1888, ao menos 30,7% de pessoas pretas e pardas.

Entretanto, mesmo após a libertação dos escravos, havia outro problema a ser enfrentado: a desigualdade social que os negros sofriam (e sofrem até hoje em dia). Estar liberto não significava necessariamente ter as mesmas oportunidades que as pessoas brancas. Neste contexto, os intelectuais negros Antonio Baobab, Rodolfo Xavier, Juvenal e Durval Marena Penny surgem com projeto de implantar na cidade pelotense o Jornal A Alvorada.

Este jornal com publicação aos domingos, era vendido em bancas, barbearias e no Mercado Central, expandindo sua circulação em outros municípios como Rio Grande, Canguçu, Bagé, Jaguarão e Alegrete. Suas notícias tratavam-se sobre casos de racismo em Pelotas, região e em escala nacional e internacional; divulgação de eventos culturais e artísticos afros; atualizações sobre a cidade; e marchinhas de carnaval para o evento; além de colunas de debates sobre negritude e lutas sociais. De acordo com a notícia divulgada pelo portal online adufpel (2019), o jornal apresentava  

“discussões sobre a Fundação Frente Negra Brasileira, criada em 1931, e sobre a Frente Negra Pelotense, fundada em 1933, que tinha como objetivo principal a alfabetização de negros. Foram destacados artigos de intelectuais, como Antonio Baobab, que nasceu escravo, comprou a sua liberdade em 1880, e é considerado a figura inspiradora da formatação do jornal.”

Estes fatos evidenciam a luta para manter viva a cultura afro da cidade, denunciar e registrar casos de racismo e abrir espaço para discussões que destacavam aspectos relacionados à negritude e ao racismo. O Jornal A Alvorada era um símbolo material da resistência preta. Uma causa feita por pessoas negras para pessoas negras 

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Fonte: adufpel 

Imagem:E-cult

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